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Você gosta de viajar sozinho com sua mãe ou seu pai?
Você já tentou isso alguma vez durante sua vida como um adulto?

Normalmente, se eu anuncio aos meus amigos que vou passar duas semanas na Itália com minha mãe, a reação imediata que eu sempre tenho é “você está louca?” Eu nunca sobreviveria a isso! ”
(É sinceramente inacreditável para mim a quantidade de pessoas que já me disseram isso em algum momento).
Se você me conhece de alguma forma, já deve estar ciente de como valores familiares são importantes para mim, e também como é fundamental separar um pouco de tempo para viajar com minha mãe, ao menos uma vez ao ano.
VIAJANDO COM NOSSOS PAIS
O que acontece nos primórdios de nossas vidas, quando somos crianças, é que apenas podemos viajar caso estejamos acompanhados por nossos pais (ou por algum “adulto responsável”). A partir do momento em que ganhamos mais autonomia para viajar com nossos amigos, parece que a maioria de nós segue este caminho sem nunca sequer olhar para trás.

Me parece que todos aqueles anos como um viajante mirim, obedecendo às regras e indo a lugares que nós idealmente não queríamos ir (como incessantes tardes em algum museu ao invés de divertidos passeios na Disney), nos traumatizam em evitar o que na verdade poderiam ser momentos agradáveis ao lado de nossos pais hoje em dia.
O que estou tentando transmitir é que, quando chega a idade adulta, temos esta certa tendência a abandonar algo extremamente importante: tomar um tempo durante o ano para criar memórias valiosas com as pessoas que mais nos amam, nossos pais.
Guerra de estilos no Dubai Mall
É verdade que você não precisa viajar com seus pais para criar memórias. Um dia simples indo ao cinema ou para tomar sorvete é definitivamente uma tarde bem aproveitada, mas na minha opinião, toda vez que viajo com minha mãe, sinto-me mais perto dela.
VAMOS COMEÇAR PELO COMEÇO?
Antes de começarmos, tenho que dizer que meus pais se divorciaram quando eu tinha 16 anos e, por isso, não vou me referir a viajar com os dois ao mesmo tempo neste post.
Corrrida de cart no Ferrari World em Abu DhabiAlmoço em familia no Rio de Janeiro
COMO TUDO COMECOU
Quando estudei hotelaria na Suíça, tive a oportunidade de ter um estágio em qualquer lugar que eu quisesse no mundo. Por causa disso, tomei a oportunidade como uma chance de ir ao lugar mais exótico que eu poderia imaginar. Naquela época, nunca tendo estado na Ásia antes, aquele lugar era a Tailândia.
Experimentando a comida local no VietnaEnfrentando o trânsito em Bangkok
Seis meses depois, quando o estágio estava chegando ao seu final, me lembro de estar sentada na minha cama conversando com minha mãe pelo telefone. Nós duas concordamos que, uma vez que eu já estava na Ásia, poderíamos tomar isso como uma boa oportunidade para ela poder conhecer a uma parte do mundo que até então era desconhecido a ela. A ideia seria me encontrar na Tailândia e dali partir para outros países próximos.
Intermináveis escadarias no Camboja
Lembro-me como se fosse hoje minha mãe me perguntando para onde deveríamos ir, e minha resposta, dando a ela os três primeiros países que vieram à minha mente na época: Camboja, Vietnã e Indonésia.
Pausa para um disclaimer: Se você não conhece minha mãe, ela é o tipo de pessoa que está sempre bem vestida e impecável (você nunca a encontrará, por exemplo, sem estar de salto alto, mesmo estando em casa sozinha).

Porem, para minha surpresa, ela concordou com minhas ideias loucas de levá-la ao leste Asiático. Quando finalmente compramos os bilhetes de avião para o Camboja, lembro-me de sentar na minha cama, refletindo acerca disso tudo, a ponto de me preocupar ao pensar ” para onde no mundo estou levando minha mãe? Ela vai me matar! ”
No entanto, naquele momento, a decisão havia sido tomada e voltar atrás já não era mais uma opção.
AVENTURAS DE FILHA MÃE
Não entrando em muitos detalhes, mas é importante dizer algumas palavras para descrever como foi nossa viagem.
Como mencionado acima, minha mãe seria descrita principalmente como Posh Spice e lá estava eu levando ela para uma aventura completamente distinta de tudo que ela conhecia, em uma região do mundo na qual nenhuma de nós jamais havia estado antes.

A viagem começou maravilhosamente bem. Ela chegou na Tailândia para conhecer meu trabalho e aos amigos que fiz por lá durante os seis meses que antecederam nossa viagem.
Por acaso, na época em que minha mãe estava em Phuket comigo, era o aniversário da Rainha Tailandesa (ou seja, o Dia das Mães – E sim, caso estejam pensando, o dia do aniversário do Rei é o Dia dos Pais).
Em conta disso, decidi que celebraríamos em grande estilo.
O que fiz, então? Por haver trabalhado no concierge do hotel (e àquela altura já conhecer todos os serviços de turismo de Phuket), consegui um desconto para um passeio de barco privado em Phi Phi, a fim de introduzir à minha mãe em grande estilo às famosas águas esmeraldas da Tailândia.

Não existem palavras que descrevam o sorriso dela ao mergulhar e nadar com infinitos peixes ao seu redor. Me senti extremamente feliz em poder levar minha mãe a conhecer lugres que, caso contrário, ela não teria tido a oportunidade de ir.
Ficamos no resort no qual eu trabalhei, e eles gentilmente nos deram um generoso upgrade em nossas acomodações. Também nos deram um desconto para o seu SPA VIP, e ao final fomos surpreendidas com uma sopa de lagosta, cortesia dada pelo Chef (com o qual eu também havia anteriormente trabalhado em algum momento durante meu estagio).
Tendo em conta que isso era apenas um estágio, pode-se imaginar que meu salário não era dos mais altos (leia-se, eu nunca conseguiria proporcionar estas experiências a ela caso dependesse de meus próprios recursos na época).
Por isso, sou extremamente grata ao hotel The Slate por ter me ajudado a proporcionar à minha mãe, pela primeira vez (e certamente não a última), uma experiência de luxo.
E as pessoas ainda me perguntam por que eu amo a indústria da hotelaria J
Um divertido guia em Kyoto no JapaoExplorando o mercado flutuante de Bangkok
A viagem seguiu para o Camboja, e as coisas ficaram mais difíceis: ter que levantar às 4h da manhã para pegar um tuk-tuk a fim de ver o nascer do sol no templo de Angkor Wat era algo que muitos pais não fariam, mas a Posh Spice e eu fomos umas das primeiras a chegar.
A partir deste momento, comecei a ver minha mãe dentro de uma nova perspectiva; algo que nunca imaginei antes. Como isso poderia ser?
Essa mulher que eu achava conhecer muito bem toda a minha vida, e a quem eu inicialmente tive minhas dúvidas se ela realmente gostaria do Leste Asiático, estava ali ao meu lado, subindo aquelas intermináveis escadas de infinitos templos, sob o penetrante calor Cambojano (e em vez de reclamar, a gente caia na gargalhada da nossa situação).
Adicionando a minha surpresa, ela também estava lá comigo no Vietnã, quando eu decidi que queria acordar às 4h para realizar Tai Chi em um barco em Ha Long Bay, durante o nascer do sol.
A partir daí ela não parou mais de me surpreender: Desde assistir à apresentação de Haka em Bali sentada no chão junto aos locais, até competir em uma corrida de Tuk-Tuk em Ho Chi Min, foi sempre um imenso prazer ter minha mãe ao meu lado, sorrindo todo o tempo.
Corrida de Tuk Tuk em Hanoi no Vietna Ela ganhou !!!
Intermináveis foram os momentos em que compartilhamos uma gargalhada, e poucos foram os momentos em que nos desentendemos.
Eu não sabia o quão engraçada minha mãe era até o momento em que encontramos um ventilador solitário dentro de um templo Cambojano. Nós não conseguimos parar de rir de como estávamos, ambas suando ao tentar se refrescar na frente de um ventilador.
Também notei como nossos papéis se inverteram: Devido à minha vasta experiência de viagem, pela primeira vez na vida, ela não estava mais no comando da situação; eu estava.
Por causa disso, eu tinha que cuidar dela, ver se ela se sentia confortável e segura, e, o mais importante, que ela estava realmente se divertindo.

Como as coisas mudam com o tempo, não é verdade?
De fato, viajar com minha mãe foi e continua sendo um prazer do começo ao fim, mas a maior emoção que tive foi conhecê-la melhor, especialmente em um ambiente diferente.
Compartilhando momentos de angústia, como escalar 300 degraus de templos, ou participar de momentos de curiosidade, como experimentar comida de rua local, essa viagem abriu meus olhos para perceber que às vezes o melhor companheiro de viagem pode estar mais perto do que você jamais imaginou.
MEMÓRIAS PARA TODA A VIDA

Essas viagens fantásticas permitiram a nós duas criarmos memórias extremamente valiosas para ambas, assim como vínculos cada vez mais fortes. Nós nos tornamos mais próximas, mais compreensivas dos pontos fortes e das limitações de cada uma, e o respeito mútuo fortaleceu nosso vínculo mãe-filha mais do que nunca.
Tivoli Park em Coppenhagem na Dinamarca Deserto de Dubai Osaka
O que seguiu foi uma tradição anual de viajar com minha mãe para os destinos mais fascinantes do mundo, como:
- Japão (alimentando henas em Nirá e experimentando autêntica carne de Wagyu em Kyoto)
- Dubai + Abu Dhabi (gritando juntas ao andar na montanha-russa mais rápida do mundo no Ferrari World)
- Maldivas (desfrutando de maravilhosos cafés-da-manhã em nosso bangalô sobre a água);
- Verão na Escandinávia (cruzando os fiordes da Noruega e indo a um show inesquecível de Beyoncé em Estocolmo);
- Curtindo feriados tradicionais apenas nós duas, como ao passar Natal em Paris e o ano novo na famosa festa de rua de Hogmanay, na Escocia.
- Comendo mais gelatos do que posso me lembrar, quando passamos 3 semanas viajando de trem pela Itália
- Nos bronzeando nas praias de Cannes, e ao mesmo tempo nos chocando com os preços de uma garrafa de água em Monte Carlo
- Nos emocionando com uma linda orquestra de Natal em Barcelona, e gastando nosso dinheiro ao fazer compras em Madrid.
- Indo a musicais sem fim em Londres (desde “Priscilla Rainha do Deserto”, a “Billy Elliot” e “Mamma Mia”)
A lista continua…
Nota: É importante afirmar que minha mãe trabalhou duro para tudo isso. Nós não ganhamos na loteria, nem encontramos dinheiro no chão. Minha mãe é uma heroína trabalhadora que me apoiou sozinha, inclusive meus estudos na Suíça. Eu a admiro profundamente, e serei eternamente grata a ela por ser capaz de me proporcionar todas essas experiências de vida.
CONCLUSÃO
A maior lição que aprendi foi que, ao viajar com nossos pais, especialmente quando ambos os lados estão mais velhos e mais maduros, poderemos fortalecer nosso relacionamento e aprofundar o vínculo que já existe (ou não).
Minha mãe é minha melhor amiga, e sempre fui e serei grata por tudo que ela fez por mim, mas essas viagens me permitiram vê-la mais como pessoa, em vez de apenas como minha mãe.
Desde cafe da manha nas Maldivas…. …. ate comida de rua em Bangkok.
Nós sempre tivemos um bom relacionamento, mas agora nosso vínculo é mais forte do que nunca. E por isso, a cada ano nos vemos ansiosas para nossa viagem juntas.
Só neste ano temos duas viagens reservadas: iremos a Cinque Terre em setembro e depois a Nova York para um casamento em outubro.
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